segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O meu primeiro beijo




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O MEU PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:- Sim, já beijei antes uma mulher.- Quem era ela? perguntou com dor.Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.Ele a havia beijado.Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...Ele se tornara homem.






segunda-feira, 8 de julho de 2013

Férias..

Férias, um momento mágico, curtir a casa, a família e o melhor de tudo dormir a hora que bem entender e levantar da cama a hora que a fome apertar.
No entanto isso não quer dizer que eu não esteja sentido falta da correria e da gritaria dos alunos, as vezes tudo isso é meio louco, mas gosto realmente do que faço.
 Há, mas agora é férias vou aproveitar o que o tenho para hoje, esse friozinho tá bem sugestivo para um fondue mais tarde quem sabe?

quinta-feira, 27 de junho de 2013


“O Auto-Retrato”

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão…
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

sexta-feira, 21 de junho de 2013


Texto analisado no curso MGME




Pausa

"Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-­se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém­-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras.
Deteve­-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão,acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.Esfregando os olhos, pôs­-se de pé.
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
—Estou compressa, seu Raul!—atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante.
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam­ no com curiosidade:
—Aqui, meu bem!—uma gritou, e riu:um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave.
Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda­ roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem,deu corda e colocou­ o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido;
Com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou­ se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover­-se:
Os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou­ se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam.
Samuel mexia­-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá­-lo com a lança.  Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou­ se. Vestiu­ se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
—Já vai, seu Isidoro?
— Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
—Não sei se virei—respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa."



SCLIAR, Moacyr.In:BOSI,Alfredo.

O conto brasileiro contemporâneo

Plano de aula.

 
 Plano de aula

EE Deputado Mauricio Goulart       (Selma Alves)
EE Padre Bruno Ricco               (Sueli Fernandes Monteiro)
EE Oswado Sampaio                  (Eva A Rodriguês)



Público alvo:Alunos de 7° ao 8° anos do Ensino Fundamental.

Objetivos: A partir da leitura feita em sala de aula,devemos estimular aos alunos o resgate dos valores familiares,a intenção também é estigá-los a produção textual, como um produto final da atividade.

Justificativa:O texto PAUSA - Moacyr Sclier,deverá despertar no aluno o significado de valor,principalmente o familiar,trazendo a importância do diálogo nesse contexto,fazer com que os mesmos ao final do trabalho consigam produzir o seu próprio artigo de opinião ou relato de experiência.

Metodologia:Roda de conversa,textos  de referência,depoimentos,troca de informações com professores de outras áreas.

Recursos:Textos de diferentes gêneros,uso do dicionário,jornais e revistas.


Avaliação:Produzir textos no formato de "Artigo de opinião" e Relato de experiência".

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Minha primeira experiência de leitura....

 Nossa! como é bom reviver o passado! A minha primeira experiência com a leitura, foi com a minha mãe, toda vez que íamos fazer um bolo, como eu estava sendo alfabetizada, ela me fazia ler toda a receita para ela, e eu estava mais interessada em pegar os ingredientes, mas ela não me deixava, ela pegava tudo enquanto eu lia. E e ao escrever então, a lista de compras era por minha conta.
Logo depois, já na 5 série, veio a querida professora Dinorá Campos, esta, era terrível, todo bimestre, tínhamos que ler um livro da coleção Vagalume, lembro da professora lendo para nós, ela lia lindamente, ainda hoje escuto a sua voz aos meus ouvidos, era uma voz fabulosa.